Ayahuasca e DMT

Doutor Cogu
4 min readApr 13, 2023

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Ayahuasca e dimetiltriptamina (DMT) são substâncias naturais psicoativas que têm sido utilizadas há séculos por povos indígenas na América do Sul. Essas substâncias têm desempenhado um papel central nas práticas espirituais, curativas e culturais dessas comunidades. Neste artigo, discutiremos a história e utilização da ayahuasca e do DMT pelos povos indígenas, destacando a importância dessas substâncias nas tradições e na cultura desses grupos.

Ayahuasca: O que é e como é feita?

A ayahuasca é uma bebida enteógena feita a partir da combinação de duas plantas: a Banisteriopsis caapi, uma videira da família Malpighiaceae, e a Psychotria viridis, um arbusto da família Rubiaceae. A videira contém substâncias chamadas harmalas, que são inibidores da monoamina oxidase (IMAO), enquanto as folhas de P. viridis são ricas em DMT.

Quando ingeridas separadamente, essas substâncias não produzem efeitos psicoativos, já que a DMT é rapidamente metabolizada no trato gastrointestinal. No entanto, quando combinadas na forma de ayahuasca, os IMAOs das harmalas inibem a degradação da DMT, permitindo sua absorção e causando efeitos psicoativos intensos, incluindo alucinações visuais e auditivas.

História e uso entre povos indígenas

A origem exata do uso da ayahuasca pelos povos indígenas é desconhecida, mas estima-se que remonte a pelo menos 1.000 anos atrás. Acredita-se que a ayahuasca seja originária da região amazônica, onde é utilizada por numerosas comunidades indígenas, incluindo os Shipibo, Ashaninka, Quechua e Tukano.

A ayahuasca desempenha um papel central nas práticas espirituais e medicinais dessas comunidades. Geralmente é administrada por um xamã ou curandeiro em cerimônias ritualísticas, onde a bebida é consumida pelos participantes sob a orientação do líder espiritual. Os povos indígenas acreditam que a ayahuasca permite a comunicação com o mundo espiritual e os seres que nele habitam, além de proporcionar insight, cura e transformação pessoal.

DMT: A molécula do espírito

O DMT é um alcaloide encontrado em várias plantas, incluindo a já mencionada Psychotria viridis. A substância também pode ser sintetizada em laboratório, mas a forma natural continua a ser a mais utilizada por comunidades indígenas. O DMT é conhecido por seus efeitos psicoativos intensos e rápidos, que geralmente duram entre 15 e 45 minutos.

O DMT é consumido principalmente na forma de ayahuasca, mas também pode ser fumado ou vaporizado, como no caso do yopo, uma mistura de pó preparada a partir das sementes da Anadenanthera peregrina, uma árvore nativa da América do Sul. Quando fumado ou vaporizado, o DMT induz a uma experiência de curta duração, porém extremamente intensa, comumente referida como uma “viagem”.

Embora não haja tantas informações históricas sobre o uso isolado do DMT em comparação à ayahuasca, sabe-se que algumas comunidades indígenas sul-americanas, como os Yanomami, utilizam o yopo em cerimônias e rituais xamânicos para induzir a estados alterados de consciência e promover a cura espiritual.

Importância cultural e espiritual

A ayahuasca e o DMT têm um significado profundo para os povos indígenas que os utilizam, e seu uso vai além do mero consumo de substâncias psicoativas. Essas substâncias são consideradas sagradas e são tratadas com grande respeito e reverência.

Para muitas comunidades indígenas, a experiência da ayahuasca é vista como uma jornada espiritual, na qual os indivíduos são capazes de se conectar com seres superiores e receber orientação e sabedoria. Essas experiências também podem proporcionar cura emocional e física, ajudando os participantes a superar traumas, vícios e outros desafios pessoais.

Além disso, a ayahuasca e o DMT desempenham um papel importante na preservação e transmissão de conhecimentos tradicionais e práticas culturais. As cerimônias e rituais envolvendo essas substâncias fortalecem a conexão com a ancestralidade e a identidade cultural, promovendo a coesão social e o senso de pertencimento dentro dessas comunidades.

Controvérsias e questões éticas

O crescente interesse global pela ayahuasca e pelo DMT tem levantado preocupações sobre a exploração e apropriação cultural, além de questões relacionadas à conservação ambiental e ao bem-estar das comunidades indígenas. É importante respeitar e proteger o conhecimento e as tradições desses povos, garantindo que seu uso seja realizado de maneira ética e sustentável.

A ayahuasca e o DMT têm uma longa história de uso entre povos indígenas da América do Sul, servindo como ferramentas poderosas para a cura, autoconhecimento e conexão espiritual. Essas substâncias desempenham um papel crucial nas tradições e na cultura dessas comunidades, sendo essenciais para a preservação de sua identidade e conhecimento ancestral. Ao abordar o tema da ayahuasca e do DMT, é fundamental respeitar e honrar a sabedoria e as práticas dos povos indígenas, garantindo que seu legado seja preservado para as futuras gerações.

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